Detroit, 14 de julho de 1982. Era uma noite quente de verão no bloco 19300 da Woodbine Street, um conjunto de apartamentos de tijolos vermelhos nos subúrbios da cidade. Dentro de um dos apartamentos, Robert Beckowitz, 33 anos, veterano do Exército e apaixonado por armas de fogo, assistia ao programa The Benny Hill Show na televisão ao lado da namorada, Jeannine Lynn Clark, de 21 anos, conhecida entre os amigos como “Charlie”. Sentado no sofá, com uma cerveja na mão, Beckowitz não percebeu a sombra que se aproximava pelas costas.
Um único disparo de pistola calibre .45 na nuca acabou com sua vida instantaneamente. O autor do tiro era James Edward Glover, 37 anos, amigo próximo de Robert e amante secreto de Jeannine. O que aconteceu nas 72 horas seguintes transformou um crime passional comum em um dos episódios mais grotescos e perturbadores da história criminal americana.
Logo após o assassinato, em vez de fugir ou esconder o corpo, Glover e Jeannine começaram uma maratona de drogas pesadelo. Durante três dias e meio, sob efeito constante de maconha, anfetaminas e álcool, os dois permaneceram no apartamento com o cadáver. Não satisfeitos com a morte, eles pegaram uma serra elétrica e desmembraram o corpo de Robert em pelo menos 14 partes. Cabeça, braços, pernas e tronco foram separados com calma metódica.
O que torna o caso único — e insuportável — é que eles não apenas mutilaram o corpo: usaram-no. Há registros de atos sexuais com o cadáver, decapitação completa e posicionamento deliberado das partes para fotografias. Com uma câmera Polaroid, tiraram mais de 300 imagens posando ao lado do corpo mutilado: sorrisos, cigarros na boca, gestos obscenos, o pênis cortado colocado na boca do próprio Robert em uma das fotos mais conhecidas. O apartamento virou um estúdio macabro de horror caseiro.
Apenas na madrugada de 18 de julho, após quase quatro dias de delírio, Jeannine Clark sofreu um colapso emocional. Ela mesma ligou para a polícia e confessou tudo. Quando os agentes chegaram, encontraram um cenário que muitos descreveram como pior do que qualquer filme de terror: sangue seco por todo lado, pedaços do corpo espalhados, cheiro insuportável e pilhas de fotos Polaroid jogadas pelo chão.
Glover tentou negar participação no assassinato, mas as provas eram esmagadoras. Jeannine aceitou depor contra ele em troca de uma pena reduzida. Em 1983, James Glover foi condenado a 30 a 50 anos de prisão por homicídio em segundo grau e mutilação de cadáver. Foi solto sob liberdade condicional em 2018, após 36 anos atrás das grades. Jeannine Clark recebeu apenas três anos de liberdade condicional pela participação na mutilação.
As fotos tiradas pelo casal acabaram vazando anos depois e circularam em fóruns underground da internet antiga, ganhando status de lenda urbana doentio. Até hoje, elas são consideradas algumas das imagens mais perturbadoras já produzidas por seres humanos.
Robert Beckowitz, um homem comum que gostava de armas e televisão, tornou-se vítima de uma traição seguida de uma explosão de sadismo que desafia qualquer explicação racional. Seu nome quase desapareceu dos jornais da época, mas sobreviveu como símbolo do ponto mais baixo que a crueldade humana pode chegar quando não há freios — nem morais, nem legais, nem emocionais.
O apartamento na Woodbine Street foi demolido anos depois. Ninguém nunca mais quis morar lá.





