No mercy in Mexico: execução ritualística atribuída a sicários de “El Mayo” Zambada que chocou o mundo

Em janeiro de 2018, em uma região remota e montanhosa do estado de Guerrero, no sul do México, um dos episódios mais brutais da violência ligada ao narcotráfico foi filmado e posteriormente divulgado nas redes sociais. O vídeo, amplamente conhecido sob o título “No Mercy in Mexico”, registra a execução ritualística de duas vítimas acusadas de pertencer a um grupo rival. O conteúdo, extremamente perturbador, mostra não apenas decapitação, mas também a extração do coração de uma das vítimas ainda viva — um ato de crueldade planejada e deliberada.

De acordo com as descrições contidas no próprio vídeo e nos relatos que o acompanharam na internet, os executores seriam sicários ligados a Ismael “El Mayo” Zambada, um dos fundadores e líderes históricos do Cartel de Sinaloa. O local da execução teria sido o município de La Unión, na fronteira entre as regiões conhecidas como Costa Grande e Tierra Caliente, áreas há décadas disputadas por facções criminosas em conflito permanente pelo controle de rotas de tráfico e territórios estratégicos.

As vítimas foram identificadas como membros de uma organização rival chamada “Guerrero Guard”, um grupo armado local envolvido na disputa territorial contra facções do Cartel de Sinaloa. Segundo os homens armados presentes no vídeo, a execução serviria como mensagem de poder e vingança — uma prática comum no universo dos cartéis, em que a violência não é apenas um meio de eliminação, mas um espetáculo destinado a espalhar medo.

O que torna o vídeo particularmente aterrorizante é a natureza ritualística da tortura. Enquanto uma das vítimas é decapitada de forma rápida, a outra é submetida a um longo suplício. Os executores abrem o tórax da vítima com precisão cirúrgica, evitando cortar órgãos vitais imediatamente, para garantir que o homem permaneça consciente até o momento em que seu coração é retirado. O ato é filmado em detalhes, com os assassinos exibindo orgulhosamente o órgão sangrento diante da câmera, como um troféu de guerra.

O vídeo começou a circular amplamente em março de 2018, meses após o suposto registro do crime, em janeiro daquele ano. Rapidamente, tornou-se um dos materiais mais comentados — e mais proibidos — do universo do true crime digital. Seu título, “No Mercy in Mexico”, passou a simbolizar a falta total de humanidade que marca certos episódios da violência no país, onde a linha entre justiça, vingança e puro sadismo frequentemente se desfaz.

Apesar do impacto e da notoriedade do vídeo, as autoridades mexicanas não fizeram pronunciamentos oficiais detalhados sobre o caso. A investigação, se houve alguma, permaneceu sob sigilo — o que não é incomum em crimes envolvendo cartéis de alto escalão, cuja influência se estende para além das fronteiras da ilegalidade, alcançando esferas políticas, policiais e judiciais.

O episódio, no entanto, deixou marcas profundas na percepção pública sobre a violência no México. Mais do que um simples assassinato, a execução em La Unión representa a banalização da crueldade extrema, onde a vida humana é reduzida a um objeto de troca em um jogo mortal de poder, lealdade e medo.

Hoje, o vídeo permanece acessível em redes alternativas, apesar de bloqueios em plataformas maiores. Seu legado é um alerta sombrio: em certas partes do México, não há misericórdia — apenas o silêncio cúmplice de um Estado muitas vezes ausente ou cooptado.

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