R. Budd Dwyer era tesoureiro do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e acumulava uma carreira política de mais de duas décadas. Antes de ocupar o cargo, passou pela Câmara estadual e pelo Senado, sempre com boa atuação e imagem pública sólida. Em janeiro de 1987, tudo mudou de forma abrupta e definitiva.
Dwyer havia sido condenado por fraude, conspiração, perjúrio e outros crimes ligados à contratação de uma empresa de informática. Segundo a acusação, ele teria participado de um esquema de propina envolvendo um contrato milionário para atualizar sistemas fiscais do estado. A sentença ainda não tinha sido oficialmente imposta, mas a expectativa era de pena longa e pesada, algo que poderia colocá-lo na prisão pelo resto da vida. Mesmo condenado, Dwyer mantinha a versão de que era inocente e insistia que havia sido alvo de um processo injusto.
Na manhã de 22 de janeiro de 1987, um dia antes de ouvir a sentença final, Dwyer convocou a imprensa para uma coletiva no Capitólio estadual, em Harrisburg. Os jornalistas esperavam que ele renunciasse ao cargo. O clima era tenso, mas ninguém imaginava o que aconteceria.
Durante o discurso, Dwyer falou sobre a investigação, reclamou da forma como havia sido tratado, citou familiares, mencionou injustiças e afirmou não suportar mais a pressão. Ao final, pediu que todos presentes permanecessem calmos. Tirou três envelopes de uma pasta e entregou aos assistentes. Um era destinado à esposa, outro ao governador e o terceiro tratava de questões pessoais e instruções deixadas após sua morte.
Em seguida, retirou um revólver calibre .357 Magnum de dentro de um envelope maior. Avisou que ninguém deveria se aproximar. Alguns presentes imaginaram que ele pretendia apenas encerrar a coletiva, mas em poucos segundos a situação saiu do controle. Dwyer colocou a arma na boca e apertou o gatilho diante das câmeras, jornalistas e funcionários públicos. Morreu na hora, ainda no salão onde dava a entrevista.
O choque tomou conta da sala. Algumas emissoras transmitiam o evento ao vivo ou com poucos segundos de atraso, e parte do público assistiu à cena sem qualquer aviso. A tragédia gerou discussão nacional sobre a exibição de imagens violentas, os limites do jornalismo e a responsabilidade de emissoras diante de situações extremas.
A morte de Budd Dwyer entrou para a história como um dos episódios mais marcantes envolvendo figuras políticas. Até hoje o caso é debatido como exemplo de colapso emocional sob forte pressão, reflexo de como processos judiciais e disputas políticas podem destruir reputações e lembrado pelas imagens que circularam pelo país naquele dia.





